Aula 2

 

 

Vamos simular outro momento da redação de concurso.

 

Faça de conta que você já está decidido sobre o que irá escrever, quer dizer, a redação já está até na sua mente (se não estiver, nem pense em começar a escrever!)

Então é o momento de iniciar o rascunho.

Lembre-se sempre de que uma dissertação argumentativa significa um texto em que se dá  uma posição pessoal sobre um assunto e se explicar por que se pensa dessa forma. É o que você faz conversando com colegas!

Em praticamente todas as redações dissertativas que você fizer em concursos você estará dando sua posição sobre algo e explicando-a.

Uma minoria de provas pedem redações expositivas, geralmente sobre a área de formação do candidato - Direito, Administração, por exemplo. Uma redação expositiva apenas expõe um fato, uma situação, e não tem envolvimento da opinião de quem escreve. 

 

Voltemos à dissertação argumentativa - sua opinião/posição chama-se a partir de agora tese, e suas explicações chamam-se argumentos, ok?

 

A tese será o embrião da introdução. Você pode escrever tudo que desejar na introdução - pode incluir uma frase famosa, um dito popular - mas o mais importante no seu caso é mesmo a tese, porque ela é que vai mostrar ao leitor qual será seu direcionamento. Portanto evite "enrolar" numa introdução, porque isso não lhe dará pontos a mais e ainda lhe tomará tempo!

 

Teses normalmente ficam no primeiro parágrafo. Se você tiver dificuldade de reconhecer sua tese, complete mentalmente esta frase "eu acho que....". O que vier em seguida é sua tese. 

 

 

Se você não informar sua tese no primeiro parágrafo isso não significa  que você perderá pontos. Apenas terá menos espaço (linhas) para explicar sua tese, depois que ela aparecer. Dependendo de quantas linhas você tiver, aí sim, isso poderá ser um problema. 

Há alunos que preferem criar os argumentos e depois pensar na tese! Eles vão escrevendo argumentos já sabendo onde querem chegar com aquilo, e na conclusão revelam qual a posição deles - a tese. Na introdução eles apenas escrevem algum fato genérico, uma informação genérica. 

Veja qual é a forma mais prática para você. 

 

Os argumentos formarão o "recheio" da sua redação. São seus motivos para pensar como pensa. São seus porquês. Cada um pode ser um parágrafo ou você pode usar um argumento só para o texto todo! Isso varia muito - afinal redação não é ciência exata.

Argumentos emocionais são em geral considerados fracos. Imagine que você diga "eu gosto disto porque é bonito". Alguém poderá dizer, "que bobagem, isto é horrível". Quer dizer, não dá para discutir. Evite dar explicações com base em avaliações como "é bom", "é correto", "é mau", a não ser que você explique depois por que é "bom", "correto" ou "mau". Procure sempre se basear em argumentos racionais, que podem ser discutidos. 

 

Perguntas que você vai me fazer já já:

    1. Mas como eu posso dar minha posição sobre o assunto se eu aprendi que não devo usar a primeira pessoa, não devo dizer "eu"!

    R: Aprendeu errado. Acostume-se a questionar seus professores! Há absurdos incalculáveis em cursinhos e colégios porque nem sempre os professores são atualizados e às vezes nem são licenciados!  Mas vamos lá: usar a primeira pessoa NÃO desclassifica ninguém em vestibular nenhum. Se você não consegue mesmo usar a primeira pessoa, então você está bloqueado. 

    Você acha sinceramente que o corretor lerá seu texto e dirá "ahááá! este aqui usou a primeira pessoa! vou tirar pontos dele!"?? Ridículo, não? Ele quer antes de tudo entender o que você está escrevendo, só isso! Corretor é uma pessoa. Geralmente não há nada de absurdo em usar a primeira pessoa. Não existe essa "regra" em nenhum livro sobre redação, foi uma infeliz invenção...

 
    Tudo bem... se você ainda acha melhor obedecer as proibições que andou ouvindo, não há problema, elimine a primeira pessoa, mas não sua opinião!

        Por exemplo:

        "Eu penso que a liberação das drogas seria uma solução inadequada para o problema do tráfico no Brasil".

                se transformaria em 

        "A liberação das drogas seria uma solução inadequada para o problema do tráfico no Brasil".

 

    2. E se eu não tiver opinião? Posso ficar "em cima do muro"?

    R: Pode sim, ninguém tem que ter opinião sobre tudo - é outro mito que precisa ser destruído! Isso sem falar que nós temos liberdade para mudarmos de opinião quando quisermos, não temos? No caso de você não conseguir se posicionar claramente, sua redação vai mostrar ao corretor exatamente por que é difícil se posicionar! Mostre a ele o que está dificultando sua decisão!

    Isso acontece muito em temas polêmicos, aliás, eles são polêmicos exatamente porque é difícil achar uma posição confortável e "adequada".

 

    3. E se o corretor não aceitar meus argumentos ou minha opinião?

    R: Opinião é algo pessoal, não é questão de alguém aceitar ou não. Não se preocupe. Se ele pensar em aceitar ou não as centenas de opiniões que vai ler, vai acabar louquinho... Quanto aos argumentos, eles indicam com perfeição sua maturidade e seu nível de informação. Quando você era pequeno (tinha maturidade infantil) seus argumentos eram "porque sim" ou "porque não".

    Ler muito não garante escrever bem! Há muitos alunos que escrevem bem e não leem muito! Agora... infelizmente não há como conseguir melhorar sua argumentação em pouco tempo se você nunca foi do tipo que se interessa em saber o que se passa no mundo, ou em assistir a debates... Mas o importante é que você escreva seu texto como se estivesse falando com outra pessoa - diga exatamente o que você diria! Escreva como você fala!

    

    4. Quantos parágrafos é bom fazer numa redação? 5? 4?

Quantos você quiser. Ninguém vai ler seu texto para contar parágrafos. Você aprendeu bobagens de novo...

 

Como melhorar a argumentação

Vou dar uma mãozinha para você!

Aqui vão sugestões que têm dado muito certo com meus alunos:

  • Leia revistas e jornais DE QUALIDADE. Sugiro as revistas "Caros Amigos", a "Carta Capital", ou a "Piauí", mas há outras semelhantes nas bancas, nas unidades do Sesc e nas bibliotecas públicas (de São Paulo). Quanto aos jornais, procure os cadernos específicos em jornais de domingo (nas grandes cidades), nos quais você encontrará críticas e discussões sobre assuntos atuais usando um vocabulário muito elaborado!
  • Assista a programas de debates. Esqueça os telejornais mais populares - os programas de debate trazem, além da informação pura e simples, as opiniões de gente de áreas diferentes. As tevês Câmara e Senado, a Futura, e a Educativa de cada estado contêm esses debates. Não tenha vergonha de tomar como sua a opinião de alguém - todos nós fazemos isso! 
  • Procure se aproximar de gente que tem assuntos elevados, que raciocina, que levanta temas sobre os quais você nem sabe o que dizer ainda. Comece a se distanciar de conversas superficiais.

 

Vamos terminando por aqui. E envie-me suas redações!

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